A história do Bf-109 é bem conhecida, mas vale dizer que o K-4 foi a última variante do Bf-109 a entrar em serviço, e tinha velocidade máxima de 723 Km/h. Como todo avião alemão de fim de guerra, a padronização na pintura já não existe. Para facilitar um pouco o trabalho de achar referências e fotos, grandes quantidades de fotos de época desse avião podem ser achadas, pois à medida que as tropas aliadas avançavam ao coração da Alemanha, os alemães iam abandonando as aeronaves que não podiam ser voadas, deixando muitos aviões para trás.
O kit consiste em 73 peças em cinza médio, na qualidade que se espera da Hasegawa, mais como sempre, sem embalagens individuais como nos kits da Tamiya. Assim muitas peças ficam riscadas e algumas danificadas. É irritante, especialmente pelo preço que pagamos por esses kits no Brasil.
Como as asas são compartilhadas com os Bf-109 F da Hasegawa, você terá que riscar 2 linhas, cortar as entradas para o porão de rodas (que são redondas no F) e preencher uma saída de ar inexistente no K. Tudo muito fácil e rápido. Isso permitiu a Hasegawa modelar toda a família do 109 do F ao K com o mínimo possível de mudanças nos moldes (as asas básicas são as mesmas).
Uma "correção" que você vai querer fazer é cortar fora as portas do trem de pouso traseiro, e preencher o vão. No chão era assim que a maioria dos 109 K-4 se comportava. Além do mais, muitos eram travados dessa forma.
Construção: Eu colei a fuselagem e as partes de cima das asas a ela antes de colocar o cockpit. Fazendo isso irá garantir uma junção asa-fuselagem perfeita, o máximo que você vai precisar vai ser um pouco de Mr. Surfacer. Como eu ainda iria manipular o modelo antes de colar a parte de baixo das asas, eu reforçei a junção com superbonder, por baixo.
Eu queria um cockpit de resina, pois o cockpit do kit é muito pobre. Escolhi o set 4005 da CMK porque o detalhamento me pareceu muito bom, e é relativamente barato. Um amigo me disse que o set mais fiel ao cockpit real é o da Tecknics, mas depois de olhar algumas fotos de época, vi que o CMK é fiel o bastante para mim. Não consegui ver nenhuma diferença que saltasse aos olhos. Mais tenho certeza que tem alguns "centoenoveiros" poraí que vão ver algum erro grotesco :-D
Depois de muitas sessões de lixa e raspagem com estilete, eu pintei e envelheci o cockpit. O encaixe não foi nenhuma maravilha, e tive que retirar bastante resina e plástico com o estilete para ele entrar no lugar. Um detalhe interessante desse kit são as várias peças em foto-gravura, como o painel. Assim fica muito mais fácil pintar, e o acetato com os instrumentos já é brilhante como os vidros dos instrumentos. Eu preferia que os cintos fossem também moldados em resina, mas os de FG deram conta do recado.
Terminada essa parte, o resto da construção foi muito fácil. Esse é um dos melhores kits que eu já montei, perdendo apenas para o Spitfire da Tamiya.
Pintura: Eu repintei esse kit pelo menos 3 vezes, e tirei toda a tinta uma vez. Porque? Bem, eu tinha planejado inicialmente em fazer o K-4 do III. /JG 53 (Aeromaster, Last of Breed, 48-494), em RLM 81/82/76. Mas o RLM 81 que eu tenho (Mr. Color) não é nem um pouco marrom, como deveria no caso do RLM 81 aplicado nos aviões Messerschmitt. Eu também não tinha RLM 82. Então, tentei misturar essas cores, mas o resultado foi horrível. Tentei misturar denovo, mais ainda não ficou bom. Nesse ponto descobri por um profile num dos livros sobre Bf-109K da JAPO que o RLM 81 do meu avião poderia ser na verdade RLM 75. Então, eu pintei o RLM 75 (Gunze aqueous com um toque de vermelho) por cima do RLM 81. Mas no modelo não achei que ficou legal o esquema. Então eu tirei toda a tinta do modelo, e decidi pintar o esquema bem diferente que o Lt. Ernst-Dieter Bernhard voou em seu K-4, ainda da mesma folha da Aeromaster. Eu nunca tinha visto esse esquema de RLM 75/76/77, e achei que ficou bem legal no modelo. O RLM 77 era um primer que poderia ser usado para camuflagem quando faltava alguma das tintas específicas. Dando uma olhada em fotos de época, percebi algumas diferenças na interpretação da pintura, especialmente pa parte da junção do RLM 76 com o RLM 75 e RLM 77, logo atrás do cockpit. Resolvi fazer do modo que eu estava vendo nas fotos. O RLM 77 fiz com Gunze aqueous H307 e 20% de branco. A camuflagem foi aplicada à mão livre.
Finalmente o modelo estava pronto para os decalques. Os da Aeromaster são excelentes, mas eu prefiro os Eagle Cal porque reagem perfeitamente com Micro Sol. Também apliquei o decal da espiral do spinner, com alguma dificuldade. Eu estraguei a primeira espiral, ainda bem que haviam dois esquemas na folha da Aeromaster com a mesma espiral, e ela forneceu ambas. O modelo recebeu uma camada de verniz fosco, para depois ser envelhecido com giz pastel preto cinza e marrom. Para selar tudo, apliquei uma camada generosa de verniz Mr. Color com 30% de pasta fosqueante Tamiya. Isso depois de curado super resistente, num acabamento semi-fosco.
Às peças finais. Trem de pouso (com alguns fios de cobre), portas dos trens de pouso, canopy e pitot. Também apliquei algum descascamento com Metalizer e um pincel 000. Quando tudo estava pronto, minha mãe conseguiu derrubar no chão!
AAAAAAAAARRRRRGH!!!!! Juntei todas as peças e coloquei de lado por alguns dias. Felizmente, nenhuma das junções abriram, mas eu estava muito nervoso, e tentar consertar nesse estado iria acabar com um modelo indo para o lixo. A reconstrução foi bem mais difícil que eu esperava, porque o trem que quebrou foi um verdadeiro pesadelo para alinhar. Depois de uma hora mexendo com isso, reparei que a perna fixada (e reforçada com fio de cobre) estava na verdade um pouco mais alta que a normal, e isso deixava o modelo bastante desalinhado. Depois de alguns momentos de pessimismo, eu decidi lixar a roda da perna mais longa. Isso funcionou, mais se você olhar de perto as fotos poderá reparar que um pneu está meio "murcho", e o outro não. Mas mal dá pra se notar, e fiquei feliz com o modelo.
Quando eu fui colar novamente o canopy eu consegui manchar de superbonder, então tive que lixar, polir e repintar (dessa vez à mão) uma parte do mesmo.
Concluindo, apesar dos problemas que eu tive, eu gostei bastante do kit, e recomendo pra todos os modelistas, mesmo para os sem muita experiência.