Em 1940, o Japão estava em guerra com os Aliados na região do Pacífico, e sua principal arma aérea na conquista de vitórias era o caça monoposto de porta aviões Mitsubishi A6M, o famoso Zero. Esse caça estava superando, facilmente, todos as caças que os aliados lançavam contra ele, caças que incluíam entre eles o Grumman F4F Wildcat, Curtiss P-40B Tomahawk, Brewster F2A Buffalo, Hawker Hurricane, Commonwealth Wirraway, entre outros. Mas mesmo nessa época de grandes e fáceis conquistas proporcionadas pelo Zero, entre outros fatores, Jiro Horikoshi, o chefe de projetos da Mitsubishi e “pai” do Zero, já tinha consciência de que precisava trabalhar em seu sucessor.

Levou sua preocupação ao alto comando da Marinha Imperial Japonesa através da Mitsubishi, e em 6 de julho de 1942 a Marinha emitiu a Especificação 17-Shi para o novo caça, que seria substituto do fabuloso Zero. Essa Especificação previa uma velocidade máxima de 610 km por hora a 19.685 pés, e a maneabilidade deveria ser pelo menos igual à do A6M3 modelo 32.

Jiro Horikoshi sabia que superar o desempenho do Zero não seria uma tarefa fácil. Desenhou o novo caça com uma configuração geral similar à do Zero, mas utilizando o motor radial de dezoito cilindros muito mais potente Mitsubishi NK9A, que estava então sob desenvolvimento. Mas, em Setembro de 1942 a Marinha enviou uma solicitação à Mitsubishi insistindo que o avião fosse projetado tendo como base o menos potente motor radial Nakajima NK9K Homare 22. Esse motor tinha uma potência estimada em 1570 hp´s a 22.000 pés, contra 2000 hp´s do NK9A. Essa decisão era decorrente das manobras da Nakajima, que tinha grande influência junto ao alto comando japonês. Além de prejudicar o A7M, o Nakajima também prejudicou, e muito, o desenvolvimento do Zero. Como a solicitação veio assinada e era oficial, Horikoshi, embora relutante, aceitou. O armamento consistia  em duas metralhadoras de 13,2 milímetros e em dois canhões de 20 milímetros, todas montadas nas asas.

O primeiro protótipo recebeu a designação A7M1. Os trabalhos prosseguiam de forma lenta, porque a Mitsubishi recebeu como prioridade desenvolver as versões já atrasadas do A6M e do J2M. O A7M recebeu inovações como tanques autolacráveis, blindagem para o piloto e pára-brisas à prova de balas. Na busca de uma melhor manobrabilidade, um jogo de flaps de combate idêntico ao instalado no Kawanishi N1K1-J Shiden (nome de código aliado George) foi adotado. O A7M1 era um avião consideravelmente maior e mais pesado do que A6M5 modelo 52, com uma envergadura de 45 pés e 11 3/16 polegadas, uma área da asa de 332 pés quadrados, e um peso, carregado, de quase 10.000 libras.

O protótipo A7M1 voou pela primeira vez em 6 de maio de 1944, com o piloto de testes Eisaku Shibamaya nos controles. Os pilotos de testes relataram que o A7M1 se comportava extremamente bem, e que o uso dos flaps de combate tornavam o A7M1 tão manobrável quanto o Zero. Entretanto, relataram também que o motor era significativamente despotenciado para o peso do avião. O Homare 22 gerava apenas 1300 hp a 19.685 pés, contra uma potência calculada em 1700 hp, e nesta altura a velocidade máxima era aproximadamente apenas 350 mph. Na avaliação geral, Horikoshi foi direito ao acusar o motor. Devido ao seu decepcionante desempenho em grandes altitudes, em 30 de julho de 1944 a Marinha Imperial requisitou a suspensão dos trabalhos de aperfeiçoamento no A7M1, após a construção do segundo protótipo.

Após a construção do segundo protótipo, a Marinha autorizou o início dos trabalhos na segunda versão do novo caça. Este novo esforço recebeu a designação A7M2, e era impulsionado pelo motor radial Mitsubishi MK9A, sendo esse o motor inicialmente solicitado por Horikoshi. Os motores tinham dimensões diferentes, o MK9A era consideravelmente maior que o NK9K, e exigiu um completo redesenho da parte dianteira da fuselagem para sua acomodação. O protótipo A7M2 efetuou seu primeiro vôo em 13 de outubro de 1944, e os testes iniciais demonstraram que o desempenho em elevadas altitudes era consideravelmente melhor, com velocidade máxima de 390 mph a 21.655 pés. O teto de serviço era 35.760 pés, e uma altitude de 19.685 pés podia ser alcançada em 6 minutos e 7 segundos. O armamento consistia em quatro canhões de 20 milímetros montados nas asas.

A Marinha Imperial Japonesa ficou entusiasmada com o desempenho do novo caça da Mitsubishi, e foram iniciados os trabalhos para a produção imediata do A7M2 modelo 22 Reppu. A produção do novo caça baseado em porta-aviões da Marinha foi transferida da fábrica de Nagoya para a de Nakai, em Osaka. O modelo de produção seria armado com quatro canhões de 20 milímetros modelo 2 tipo 99 ou dois canhões de 20 milímetros modelo 2 tipo 99 e duas metralhadoras de 13,2 milímetros tipo 3.

Entretanto, a essa época, a produção aeronáutica do Japão estava em esforços desesperados. Além disso, o projeto foi perseguido por uma incrível onda de azar. A produção do motor NK9A foi atrasada em virtude de um desastroso terremoto que atingiu Nagoya, em dezembro de 1944. Depois do terremoto, as maciças incursões dos bombardeiros B-29 causaram sérios atrasos na produção inicial do A7M2. O segundo protótipo do A7M2 foi destruído em um acidente na aterragem, e outros três protótipos foram destruídos em terra durante incursões de aviões americanos. Apenas três dos sete protótipos que foram construídos permaneceram em condições de vôo no final da Guerra  do Pacífico, e somente um avião de produção havia sido terminado.

O A7M2 recebeu o nome de código aliado Sam. Pelo que foi pesquisado e apurado, o Reppu nunca entrou em combate.

Especificações do Mitsubishi A7M2 Reppu

• Motor: Um motor radial de dezoito cilindros Mitsubishi MK9A, com 2200 hp´s na decolagem e 1800 hp´s a 19.685 pés.
• Desempenho: Velocidade máxima de 390 mph a 21.655 pés. Ascensão de 19.685 pés em 6 minutos 7 segundos. Teto de Serviço de 35.760 pés. Alcance de 570 milhas com combustível interno e 976 milhas com dois tanques descartáveis de 77 galões Imperiais.
• Peso: 7.112 libras vazio, e 10.406 libras carregado.
• Dimensões: Envergadura de  45 pés e 11 3/16 polegadas, altura 14 pés e 0 1/4 polegada, área da asa de 332,2 pés quadrados.
• Armamento: quatro canhões de 20 milímetros modelo 2 tipo 99 com 200 salvas montados nas asas, ou dois canhões de 20 milímetros modelo 2 tipo 99 com 200 salvas e duas metralhadoras de 13,2 milímetros tipo 3 com 400 salvas. Duas bombas de 132 libras podiam ser carregadas.

Fontes:

- Japanese Aircraft in Pacific War, Rene J. Francillon, Naval Press Institute.

- Warplanes of World War II, Fighters, vol. 3, William Green, Doubleday.

Por: Armando V. Santos Jr. – Goiânia-GO.

O modelo de produção do A7M2 Reppu encontrado pelos americanos