Esta figura em resina da Electric Products, na escala 1/16, vem muito bem injetada com pouquíssimos ajustes necessários, sendo o mais sério a recuperação da faixa da cintura, após remover o talude que segura a peça na moldagem. A cinta com espessura muito fina, acabou quebrando nesta operação.

No mais, apenas segui o seu método de montagem e pintura. Aqui, descreverei o meu.

Uso ferramentas específicas e muitas (a maioria) improvisadas para trabalhar com resina: alicates de cortes, limas de vários feitios, escovas com cerdas de aço e nylon, mini drill, estiletes, lixas etc.

A primeira etapa do trabalho é lavar muito bem as peças com água e sabão, para retirar todo resquício do desmoldante das peças. Esse desmoldante prejudica muito quando da fase de pintura. Costumo lavar as peças quando tiro da caixa e antes de iniciar a pintura, pois com o manuseio, as peças ficarão invariavelmente impregnadas com o óleo das mãos, pó da lixa, etc.

Os taludes, peças densas, retiro com uma serra:

Os taludes menores com alicates de corte:

Uso limas e lixas para limpar as rebarbas:

A lima redonda é muito útil para recuperar o drapeado dos tecidos.

Gosto de "pinar" as peças que possuem contatos lisos, principalmente nesta escala, onde as peças são mais pesadas. Para isso, uso o mini drill (encontrado em casas de material eletrônico, muito barato) com broca de dentista para fazer pequenos furos.

Esses furos que faço em todas as peças independente de se unirem ou não ,servem para "espetar" um palito de dentes facilitando o manuseio sem tocar na peça.

O material que uso para os pinos, são grampos de grampeador de papel.

Prendo o grampo (desdobre-o com um pequeno alicate) no lugar com cianocrilato.

Meu modo de montagem é a famosa técnica "Chico picadinho", onde só incorporo as peças definitivamente ao corpo depois de pintadas.

Para colar as peças, uso bonder mais uma pequena parte de durepox, que me garante uma aderência mais confiável.

Nas junções (fendas) das peças, uso durepox bem amaciado com água, e aliso sua superfície, no local, com um pincel molhado. É muito útil também, para reconstituirmos pequenas peças danificadas na separação dos taludes ou mau jeito no manuseio.

Quando as peças estão todas preparadas para receberem a tinta, vão novamente para o "banho". É indispensável o uso do primmer (o famoso "dar o fundo") para termos um bom acabamento na pintura.

Além de fazer a cama para a tinta, nos mostram imperfeições que sem ele não perceberíamos. Só não uso o primmer em figuras de metal, nas peças que serão... metal. Mas isso fica para a próxima.

As tintas são das mais variadas procedências e marcas, desde Vallejo até a nacional acrilex. Nesta figura usei esmalte apenas no capacete, pontas da lança, punho de espada, fivelas, broche da capa, esporas e no barrado e punhos do sobretudo. O brilho característico do esmalte é bem metálico. O restante foi na base da acrílica.

Esmalte:

• Testor 2734 Silver Crhome
• Humbrol 16 Gold

Acrílicas:

• Vallejo 913 Ocre Amarillo
• Vallejo 962 Azul Mate
• Vallejo 955 Carne Mate
• Aero Máster 1049 US Interior Green
• Acrilex 526 Marrom Escuro
• Acrilex 531 Marrom 520 Preto
• Acrilex 834 Palha
• Acrilex 835 Saara
• Acrilex 596 Azul Petróleo
• Acrilex 568 Azul Cerúlio
• Acrilex 501 Azul Turqueza
• Acrilex 519 Branco
• Acrilex 565 Vinho
• Tamiya XF 56 Metallic Grey

Iniciei a pintura pela couraça de placas de couro: Cobri a couraça com três capas do 531 Marrom.

Após a secagem fiz um dry com o 526 Marrom Escuro. Agora, fiz uma cobertura de Betume da Judéia (amado e odiado por muitos) diluído em água ráz.

Após a secagem retirei o excesso com um cotonete embebido também em água ráz

Essa técnica empresta uma delineação das peças sobrepostas muito convincente. As placas de couro são pregadas em cima de uma espécie de gibão também de couro, que pintei com o 913 Ocre Amarillo e fosquiei com giz pastel preto.

A próxima etapa foi dar vida à cota de malha. Usei o XF 56 Metallic Grey, por ser acrílico empresta bem o fosco característico da cota de malha.

Após a secagem usei novamente a técnica do betume da judéia descrito acima. Para o capacete usei o 2374 Silver Crhome e o detalhe em dourado usei o 16 Gold. Usei giz pastel preto para sombrear os rebites do capacete.

O sobretudo, pintei com 835 Saara que é um branco puxado pouquíssimo para o bege, facilitando em muito o trabalho que o branco puro nos oferece, quando queremos cobrir superfícies irregulares. Para a sombra do drapeado usei uma mistura de 80% de 835 Saara e 20% de 520 Preto. Para as luzes, fiz um dry com o 519 Branco.

Por não trabalhar com tinta a óleo, a técnica Blend se torna inviável pela rapidez da secagem das acrílicas. Usei novamente o 16 Gold para o barrado desse sobretudo, uma vez que o nome Bizâncio nos remonta a idéia da riqueza e opulência dessa corte. Para a capa usei o 596 Azul Petróleo (dá um ótimo azul para as fardas da Luftwaffe) e sombras com o 501 Azul Turqueza e as luzes com o 568 Azul Cerúleo.

Para a faixa da cintura usei o 962 Azul Mate, muito parecido com o 568. As panturrilhas por incrível que pareça, foram as duas peças mais trabalhosas de pintar. Pintei a tornozelera de 835 Saara, como poderia também ser metálica, mas gostei do efeito do couro pintado. Na parte de traz (barriga da perna) há a cota de malha, pintada na técnica descrita lá encima, um protetor tipo meião grosso que acolchoa a perna contra o uso da tornozelera, que pintei de 1049 US Interior Green. Tudo isso é preso com três correias pintadas de 526 Marrom Escuro e fivelas pintadas com 2734 Silver Chrome e delineados com uma aguada de 526 Marrom escuro. As correias na parte da frente, foram sombreadas com giz pastel Cinza. Para as botas usei o 531 Marrom e as esporas com o 2734 Silver Chrome também delineados com a aguada de 526 Marrom escuro.

A lança é um pedaço de bamboo pintado de 526 marrom escuro e sombreado os seus nós com giz pastel preto; as pontas pintadas com 2734 Silver Chrome.

As mãos foram pintadas com o 955 Carne Mate e delineadas com aguada de 526 marrom escuro.

A correia que segura a espada foi substituída por outra feita de alumínio (lacre da lata de achocolatado) e pintada de 526 Marrom escuro e envelhecida com giz pastel. A bainha da espada foi pintada de 531 marrom com a ponteira pintada de 16 Gold.

Bem chegamos ao calcanhar de Aquiles de qualquer modelista, o rosto. Não sei se vou conseguir descrever como foi essa pintura, parece meio esotérico, mas no fim gostei do que fiz.

Usei a 955 Carne Mate como base, três capas. O fundo dos olhos usei 834 Palha, evita o contraste com a (o) íris, que o branco proporciona (zumbi). Para os lábios usei uma mistura de 70% de 955 Carne Mate com 30% de 565 Vinho. Para a barba, eu usei o 520 Preto e fiz um dry com o cinza descrito acima, para sombrear o sobretudo. Os traços foram marcados com uma mistura de 955 Carne Mate e 531 Marrom. Mais ou menos a proporção de 90/10. As maçãs do rosto foram enrubescidas com pastel laranja. (funciona sim!). A íris foi feita usando um pincel 000 da tigre (recebi uma arma secreta para esse trabalho dois dias depois de concluído o rosto).

Para a base, usei uma de madeira com oito cm de diâmetro por três de altura, usei static grass e umas pedrinhas para compor a cena. Os pinceis variaram de cálibre conforme os detalhes exigiam. Foram do 000 para os detalhes dos olhos e faces até o 415 todos de pelo de marta da marca Tigre. Dispensei desta vez, o uso de verniz dry.

No geral,foi uma figura muito simples de fazer e proporcionou-me algumas boas horas de lazer. Calculo que seriam preciso umas 8 horas de trabalho corrido para faze - lá.

Quero agradecer a boa vontade (de sempre) do Mestre Murilo pela orientação à feitura deste trabalho.