Modificações em figura de resina. (1a.Parte)

Marco Antonio Barsotti

Por incrível que possa parecer, das muitas figuras na escala 1/16, justo aquela que você mais quer para compor um diorama ou vinheta, não existe no mercado. Durante muito tempo arquitetei uma determinada cena em minha cabeça, mas não conseguia concretiza-la justamente por esse motivo.

Foi quando resolvi enfrentar o desafio e modificar eu mesmo uma figura, para que ficasse do jeito ideal para concretizar minha ideia. Para esse trabalho, contei com o apoio irrestrito do Raul Aguiar (Rauzito) de BeLô, mestre figureiro, useiro e vezeiro na arte de transformar figuras do jeito que lhe convêm. Também dos amigos da ASP, Edilson e Wilson, pelo trabalho de pesquisa com material sobre a 101a.Aerotransportada, já que material sobre o inimigo, é raro aqui em casa. Ao Mestre Murilo, incentivador e revisor de texto e arte. Ao amigo Bertolin da Electric Power, incansável em atender minhas solicitações de figuras e acessórios para a realização deste projeto. A todos eles dedico esse meu 1o.trabalho.

Para iniciar a vinheta era preciso achar a figura de um soldado morto na escala 1/16 que, por ser uma escala grande, facilita o trabalho. Contatei o Bertolin, que me indicou as seguintes figuras US nessa escala: 1601,1614,1622,1624 e 1636. Escolhi a figura 1636 por considerar que ela reunia as condições ideais para as transformações. Troquei a cabeça original da figura pela cabeça da figura 1622 já que esta última tem uma expressão mais apropriada para um morto! Tambem troquei a arma thompson original por uma carabina padrão da infantaria US, por motivos que mostrarei mais adiante.

Para deixar o morto em uma pose mais convincente, precisei dobrar uma perna e um braço e posicionar a cabeça pendendo para o lado e para baixo, pois a figura original (1636), apenas deitada, fica parecendo um defunto pronto para ser colocado no caixão! Suas pernas originalmente estão esticadas paralelamente uma com a outra, quase em uma posição de sentido. O braço direito reto paralelo ao corpo e o esquerdo em uma dobra muito sutil segurando a arma. Os pés por estarem soltos, facilitaram o trabalho.

A figura veio dividida em tronco e pernas. A pose do morto é de barriga para cima, por isso tive que lixar as costas da figura, até não deixar nenhum relevo, caso contrário quando deitada daria a impressão de levitar. Após essa intervenção, trabalhei a cabeça. Como a cabeça não era a original da figura, o pescoço não encaixava precisamente nos ombros, o que tornou necessário lixar as laterais do pescoço e alargar a abertura entre os ombros. Também lixei a lateral esquerda do capacete de modo a inclinar a cabeça para baixo dos ombros Pinei e colei com bonder. Reconstitui a lateral do pescoço e o colarinho com durepóxi.

Prosseguindo, separei as duas pernas, que vinham juntas pela virilha. A perna esquerda dobrei-a assim: na altura do joelho, com uma hidrográfica, marquei um V em um ângulo calculado. Não poderia abrir muito o ângulo pois esta perna iria se sobrepor sobre a outra.Com uma serra fina Starret, retirei o miolo do V. Com um dremel fiz um furo nos dois "tocos" de perna. Com um pedaço de clipe colei-o na parte superior da perna e inclinei o arame até um angulo pré estudado. Encaixei a parte inferior da perna na outra ponta do arame e coloquei as duas na posição inicial para verificar a posição. Tendo acertado a posição, colei as peças no arame e preenchi com durepóxi amaciado. Quando este último endureceu, refiz as pregas e dobras da calças com limas de diversas formas.

O próximo passo foi dobrar o braço direito que fiz do mesmo modo que a perna.

Agora o principal: os furos de tiros. Recentemente no fórum de figuras aqui neste site, trocamos idéias sobre o tema ferimentos e sangue.Tirando as minhas conclusões, decidi por 3 orifícios de bala, com manchas de sangue apenas em volta dos furos. Só furar a figura com um dremel não é convincente. Quem já observou pessoas feridas em fotos ou em filmes, sabe que por onde a bala entra, deixa uma pequena cratera constituída de tecido da farda e tecido do corpo. Fiz uma pequena bolinha de durepóxi e com um palito de dentes fixei-a nos locais escolhidos (longe de artérias para justificar o pouco sangue) e texturizei para dar o efeito desejado.

A troca de armas justifica-se assim: o braço original vinha com a mão fixa na arma e não me pareceu muito convincente um morto segurando a metralhadora firmemente com o dedo no gatilho. Fui na minha "Bacia das Almas", caixa onde guardo as sobras de figuras, e escolhi uma mão com luva. Feito isso desbastei a parte interna da mão, que estava fechada na posição de soco, para poder encaixar a carabina. A idéia é sugerir que o soldado antes de morrer se apoiou na arma como uma bengala.

Foi necessário moldar com durepóxi a junção do tronco com as pernas para não aparecer a parte reta da base do tronco, já que a figura de pé não mostra esse detalhe.

Basicamente as transformações mais severas foram essas.

Com o apoio da pesquisa verifiquei que o uniforme da 101a. era diferenciado da infantaria comum, principalmente por dois grandes bolsos nas laterais das pernas. Foi fácil confeccionar esses bolsos com durepóxi.

Pintura

Usei só acrilicas

Acrilex

834 Palha

520 Preto

545 Marron

531Verde Oliva

Aeromaster

1030 Oliverbrun

Tamiya

XF 26 Deep Green

XF 56 Metallic Grey

Vallejo

955 Flat Flesh

920 German Uniform

Pintei o capacete com XF 26 Deep Green e fiz um dry com XF 56 Metallic Gray para dar um tom metálico e mostrar as bordas gastas. Usei para o rosto o 955 flat flesh em 3 capas e fiz um dry com 834 Palha. Por motivos óbvios fiz um rosto bem pálido. Para o uniforme usei o 545 Verde Oliva, o 920 German Uniform para as sombras, e o 1030 Oliverbrun para as luzes. Para o cinto N.A., suspensórios e bolsa usei também o 1030 Oliverbrun. Para as fivelas, ilhoses e mosquetões, usei caneta gel na cor Ouro Velho. Diferentemente dos alemães, as peças de metal dos acessórios dos uniformes dos estadunidenses eram de latão. Para as luvas usei um cinza claro. Para as botas usei o 531 Marron e fiz um dry com um mix de 50% de 531 marron e 50% de 834 palha. Para o fuzil usei o 531 Marron, matizado com uma gota de vermelho, para resultar no tom castanho madeira característico. Nas partes metálicas usei o XF 56 Metallic Grey e escureci com giz pastel preto. Fiz a bandoleira da carabina com alumínio de lacre de achocolatado e pintei com 531 Marron, envelhecendo também com giz pastel preto. O ás de espada no capacete, a bandeira dos EUA e o símbolo da 101a. nos ombros foram feitos a mão".