Junkers G 24 - O primeiro trimotor metálico do mundo

Afonso Giordano Neto

O Junkers G 24 fabricado pela Revell alemã é um kit relativamente simples, tendo sido poucas as dificuldades no processo de montagem.

A primeira dificuldade encontrada foi com relação aos flutuadores, que por serem muito frágeis, tiveram que ser "pinados" para assegurar uma melhor estrutura e sustentação com o peso do modelo. O alinhamento dos flutuadores é muito importante e nesse ponto também tive uma certa dificuldade na montagem.

O lixamento de rebarbas, principalmente das hélices, foi outro ponto que mereceu atenção especial, pois elas são muito delicadas.

A pintura foi feita com tinta automotiva, sendo a parte metálica em Alumínio Acrílico Fino e as áreas negras com o Preto Cadillac, todos produtos da Wanda. Nas áreas negras foi aplicado um Verniz Acrílico com 30% de Pasta Fosqueante, justamente para "fosquear" um pouco a pintura deixando-a acetinada. Já o interior do interior do modelo foi pintado com tintas da Tamiya.

Os decais, na minha opinião, são de péssima qualidade. O filme é muito espesso, tornando sua aplicação dificílima, uma vez que a superfície das asas e da fuselagem são corrugadas. Mesmo com o uso de solventes especiais, tal como Solvaset, os decais não se moldam nessas superfícies adequadamente.

A solução que encontrei para substituir os decais foi a pintura, que foi feita em aerógrafo. Usei como gabarito o próprio decal do modelo e como máscara, um filme especial chamado Frisket, que é um tipo de Contact fino e com uma cola de aderência bem suave. O Frisket é usado básicamente como máscara para aerógrafo e se encontra em lojas de materiais para desenho. Uma opção para o Frisket (que é um material importado e talvez difícil de ser encontrado) é o Opalux, que se acha também nessas mesmas lojas.

Depois de pronto o modelo, resolvi colocá-lo numa base. Esse trabalho foi feito a 4 mãos e quem me ajudou nessa cenografia foi o meu amigo Luciano Barbosa Monteiro. A base foi feita com alguns pedaços de moldura para quadro, um "fundo" onde foi usado um pedaço de compensado fino, gêsso, resina com corante para simular a água, tinta acrílica, serragem colorida para simular a vegetação, madeira balsa e fita crepe para simular as bagagens, linha no 10 tingida para o cabeamento, sprue e tiras de plástico fino para o peer, 2 figuras 1/72 e 1 automóvel na escala HO. A bóia e o barco foram feitos em Vacum-Form. A matriz da bóia foi o cabo de uma chave de fenda e a do barco, o próprio.

Inicialmente, foi feita a estrutura com a moldura de quadro. Os cantos foram serrados num gabarito metálico de 450 e colados com Super-Bonder. Depois foi medida a área interna da moldura e serrado o compensado adequadamente para fazer o fundo, que por sua vez também foi colado com Super-Bonder e reforçado em toda a volta com cola branca para "isolar" qualquer tipo de vazamento na hora de aplicar a resina. Esse processo é um pouco demorado, pois é preciso que a cola branca seque completamente. Eu acelerei a secagem usando um secador de cabelo na sua maior potência.

A seguir, foram pregadas algumas taxinhas no compensado para servirem de aderência ao gêsso, que foi aplicado numa consistência pastosa, sendo moldado com as pontas dos dedos e com palitos (tipo espetos) apontados, simulando a parte rochosa e de terra. Nessa fase é importante calcular o caimento adequado da terra em relação a água, de preferência gradativo. Nesta fase foi feita a pintura completa do peer, das rochas, da terra e do fundo, tudo a pincel com tinta acrílica.

O "assentamento" do modelo no fundo da base foi preparado usando algum lastro de sprue, tomando cuidado para que na camada final de resina, os flutuadores ficassem com a sua linha d'água alinhada pela superfície da resina. Calculada a altura adequada para os flutuadores em relação a superfície, o modelo foi colado no lastro de sprue que por sua vez foi colado na base com Super-Bonder e logo a seguir foi despejada a primeira camada de resina, numa coloração mais densa, simulando uma maior profundidade da água. Nesta fase, a base ficou ligeiramente inclinada para a parte mais "profunda" e na medida que foi catalizando, despejamos a segunda camada de resina, desta vez numa coloração bem mais clara e transparente para simular a parte mais rasa da água. Ainda nesta etapa, fomos misturando uma resina na outra com um palito (espeto para churrasco ou comida japonesa) para simular um degradé da parte mais rasa para a parte mais profunda. Depois de catalizada a resina, preparamos o barco, a bóia e todo o cabeamento que ficaria em parte submerso. Nesse momento foi despejada a última camada de resina, numa coloração também bem mais clara e transparente, distribuída por igual por toda a área de água. Na medida que ia catalizando e até quase o final da catalização, iamos passando a ponta do palito pela superfície, em várias direções, para simular as ondas e todo o movimento da água em direção à terra. Neste ponto, a base ficou apoiada numa superfície completamente horizontal para a última camada de resina catalizar paralela à moldura.

A espuma das ondas foi feita com massa corrida para parede diluída com água e aplicada com pincel. O próximo passo foi colar com cola branca e Super-Bonder o restante do cabeamento, as bagagens, as figuras e o automóvel que já estavam montados e pintados. No caso do cabeamento, durante a aplicação no modelo como no peer, as linhas foram molhadas, depois de tingidas, numa solução de água com cola branca. Isso torna mais fácil a "moldagem" dos cabos, posicionando-os corretamente e dando o peso e o caimento certo do modelo para o peer.

Foram algumas dezenas de horas de trabalho mas com certeza de um resultado muito compensador.