Identificação de veículos civís usados como Staff Cars - Parte 3

A terceira parte desse artigo é dedicada aos modelos das marcas representadas pelas quatro argolas do grupo Auto Union.

AUTO UNION

     O grupo Auto Union foi criado em 1932 pela união de quatro empresas alemães do ramo automobilístico de grande renome e foi uma conseqüência da depressão econômica que se seguiu a crise de 1929 haja vista que a sua criação se deu por recomendação do Banco da Saxônia, na época o principal credor das quatro empresas envolvidas. A sua logomarca é formada por quatro argolas interligadas simbolizando justamente a união dessas quatro grandes marcas, a saber: Audi, DKW, Horch e Wanderer.

Cartaz da época da criação da Auto Union representando as quatro marcas que a compõem.

A mesma cena está reproduzida atualmente no museu da Auto Union com veículos reais

    As quatro empresas permaneceram relativamente autônomas nos anos que se seguiram a fusão, sendo que inicialmente o símbolo da Auto Union só era usado nos carros de competição. Ainda nos anos 30 a equipe de corridas da Auto Union tornou-se a principal rival da Mercedes-Benz nas provas competitivas e juntamente com esta foram responsáveis pelo estabelecimento de diversos recordes automobilísticos, ficando durante esse período os carros de ambas as equipes conhecidos como "flechas de prata". No decorrer da década de trinta os veículos das quatro marcas passaram a ter componentes comuns entre si de forma racionalizar a produção e estas dividiram o mercado de forma que coube a DKW a produção de motocicletas e pequenos carros, a Wanderer os carros médios, a Audi os carros de maior porte e a Horch a linha de luxo. Os diversos avanços técnicos alcançados pela Auto Union nesse período elevou-a a condição de segundo maior fornecedor de automóveis da Alemanha detendo 25% do mercado e de maior fornecedor de motocicletas respondendo por mais de 30% do mercado alemão. Durante a WWII a Auto Union tornou-se um dos maiores fornecedores de automóveis para as forças armadas alemães além de motocicletas e outros ítens militares, cessando a produção de veículo civís em 1942 para só retornar no final da década.

      Ao final da WWII a maior parte do parque industrial da Auto Union havia sido destruído e sua sede em Zwickau agora se encontrava no território da Republica Democrática Alemã - DDR, tornando-se a VEB Automobilwerk Zwickau. Porém diversos executivos da Auto Union conseguiram escapar para Alemanha Ocidental onde estabeleceram uma nova empresa em Ingolstadt na Baviera, no entanto como conseqüência do empobrecimento da Alemanha no período imediato ao pós guerra somente as motocicletas e os carros com motores de dois tempos e tração dianteira da marca DKW voltaram a ser produzidos. Com a aquisição da Auto Union pela Volkswagen em 1964 os DKWs de dois tempos foram retirados de linha e uma nova geração de veículos de 4 cilindros entrou em produção, e para marcar essa mudança a  marca DKW deu lugar ao ressurgimento da marca Audi a qual permanece até os dias de hoje como empresa independente do grupo Volkswagen.

"Flecha de Prata" da Auto Union recordista de 1934 

Propaganda da Auto Union durante a WWII

     Passaremos agora a analisar cada uma das marcas separadamente:

    AUDI

     Em 1909, tendo sido forçado após desentendimentos com a diretoria a deixar a empresa que havia fundado em 1899 e que levava o seu nome, August Horch resolveu criar uma nova empresa em Zwickau. Tendo perdido judicialmente o direito a usar o nome Horch no seu novo empreendimento August Horch usou o artifício de batizar a nova empresa com a forma latina do seu nome "Audi" (Horch =  Escute = Audi) e os primeiros Audi foram veículos muito bem sucedidos em eventos esportivos. August Horch deixou a companhia em 1920 e esta foi vendida para Jorgen Rasmussen, dono da DKW, em 1928. Em 1932 a Audi se uniu a DKW, Horch e Wanderer para formar a Auto Union a partir daí muitos dos modelos Audi passaram a usar os motores Horch ou Wanderer e foram produzidos até a WWII. 

     Com a destruição da maior parte do parque da Auto Union, a perda da fábrica de Zwickau e a recessão econômica da Alemanha do pós guerra os automóveis Audi deixaram de ser fabricados até que em 1964 a Volkswagen adquiriu o contrôle da Auto Union e ressucitou a marca. Após ser fundida com a NSU em 1969 a Audi adquiriu novamente o status de ramo independente dentro do grupo Volkswagen, o qual mantém até hoje.

     Os automóveis Audi produzidos de 1928 até a WWII de um modo geral eram bastante luxuosos embora não sejam muito facilmente encontrados em fotos de Staff Cars do período. Apesar de alguns de seus modelos serem muito parecidos com os demais comercializados pelas outras marcas da Auto Union, podem ser distinguidos dos demais pela presença do número "1" sobre a tampa do radiador o qual era o símbolo da marca nessa época.  

Propaganda da Audi do início dos anos 30

AUDI FRONT UW

Esse modelo foi produzido entre 1933 e 1934 totalizando 1817 veículos.

Audi Front UW 1933

AUDI FRONT 225

Foram produzidos 2586 veículos desse modelo de 1935 a 1938.

Audi Front 225 como Staff Car da Wehrmacht

Audi Front 225 1938

Audi Front 225 Limousine 1935

AUDI 920

     Foram produzidos 1281 carros de 1938 a 1940.

Audi 920 Gläser Cabriolet 1938

Audi 920 Cabriolet 1939

Audi 920 Gläser Cabriolet 1940

Audi 920 Limousine 1939

DKW

     Fundada em 1917 pelo dinamarquês Jörgen Skafte Rasmussen em Zwickau na Saxônia se dedicou inicialmente a produção de pequenos motores a vapor, vindo daí a origem da sigla DKW (Dampf-Kraft-Wagen - Veículos Movidos à Vapor), com a evolução tecnológica a DKW passou a produzir motores a gasolina de dois tempos e a sigla DKW passou a ser usada nos anúncios publicitários como sendo "Das Kleine Wunder" (A Pequena Maravilha), após produzir alguns motores para bicicletas, em 1922 construiu a sua primeira motocicleta e em 1928 com a aquisição da fábrica da Audi produziu o seu primeiro automóvel com motor de dois tempos. Em 1932 a DKW se associou ao grupo Auto Union e a produção tanto de automóveis como de motocicletas ganharam um grande impulso, nesse período a DKW tornou-se a maior fabricante de motocicletas do mundo e seus automóveis eram os mais populares e mais vendidos na Alemanha com cerca de 250.000 unidades produzidas até 1942.

     Durante a guerra a DKW se concentrou principalmente na produção de motocicletas para uso militar, embora seus automóveis não estivessem entre os ítens fornecidos as forças armadas, vários DKWs foram confiscados de seus proprietários civis em virtude de seus motores de dois tempos aceitarem facilmente vários tipos de combustível. Ao final do conflito a fábrica de Zschopau ficou no território da República Democrática Alemã vindo a se tornar a indústria de automóveis IFA que continuou produzindo com a sua própria marca os modelos da DKW F8 e os F9 cujos protótipos foram desenvolvidos antes da guerra. Em 1949 a Auto Union voltou a produzir os veículos da marca DKW em Ingolstadt. Inicialmente seus modelos foram baseados no mesmo F9 o que fêz com que seus carros fossem bastante semelhantes aos construídos pela IFA. O F9 por sua vez também foi o precursor dos DKWs Belcar produzidos pela Vemag no Brasil. Com a aquisição da Auto Union pela Volkswagen em 1964 a marca DKW foi finalmente retirada do mercado para dar lugar ao ressurgimento da Audi.

Propaganda da DKW de 1936

Propaganda da Auto Union dos anos 30 com os diversos modelos da DKW em produção

DKW F5

     A versão F5 de 1935 era na verdade um modelo F4 com algumas inovações.

DKW F5 1935, Staff Car ou apenas o carro da família?

DKW F5 Luxus 1935

DKW F5 Luxus 1935

     Já os F5 de 1936 a 1938 apresentavam uma significativa evolução sobre os F4.

DKW F5 1937 usado por soldados americanos

DKW F5 Front Luxus Cabriolet 1936

DKW F5 Cabrio-Limousine

DKW F7

     O modelo foi produzido em diferentes versões de 1936 a 1939.

DKW F7 Limousine de 2 portas Staff Car

DKW F7 Limousine de 2 portas 1938

DKW F7 Limousine 4 portas Staff Car na Polônia

DKW F7 Cabrio-Limousine

DKW F7-700 Masterklasse Cabrio Limousine 1937

DKW F7 Luxus Cabrio-Coupê

DKW F8

     Produzido de 1939 a 1942 o DKW F8 era uma evolução da versão F7 com um perfil mais baixo, essa versão voltou a ser produzida pela IFA até meados dos anos 50.

DKW F8-600 Reichsklasse (1939)

DKW F8-700 Meisterklasse Cabriolet 1940

DKW F8-700 Meisterklasse Cabriolet 1940

Obs: As designações Reichsklasse e Meisterklasse da DKW são referentes a veículos de 600 e 700 cilindradas respectivamente.

DKW F9

     O DKW F9 foi lançado em 1940 como uma nova proposta em termos de desenho aerodinâmico, porém somente dez protótipos foram concluídos antes que a produção fosse paralizada em função do esforço de guerra. O F9 voltou a ser produzido pela IFA no pós guerra e com algumas modificações pela Auto Union também, vindo a ser ainda o antecessor dos DKWs Belcar produzidos no Brasil que foi baseado no modelo DKW F94 da Auto Union.

Protótipo do DKW F9 do museu da Auto Union

DKW SCHWEBEKLASSE

A versão Schwebeklasse foi produzida de 1934 a 1939.

DKW Schwebeklasse 1936

DKW Schwebeklasse 1936

DKW SONDERKLASSE

     Essa versão foi produzida de 1937 a 1940.

DKW Sonderklasse Cabrio-Limousine 1937 da Polizei

DKW Sonderklasse Cabrio-Limousine 1938

DKW Sonderklasse 1939

HORCH

     August Horch, formado pelo Colégio Técnico de Mittweida e que havia trabalhado na construção de motores na empresa de Carl Benz, resolveu fundar sua própria empresa em 1899 a Horch & Cie. Ele foi o primeiro a usar alumínio em automóveis na Alemanha e por volta de 1902 seus carros eram considerados superiores aos construídos pela Mercedes ou pela Benz. Em 1904 ele levou sua empresa para Zwickau na Saxônia e seus carros do início do século eram extramente bem sucedidos em provas de longa distância. Em 1909 August Horch após se desentender com a diretoria deixou a empresa para vir a fundar a Audi. Até a WWI a Horch continuou produzindo os projetos de seu fundador, logo após o conflito essa foi adquirida pela Argus-Werke e Arnold Zoller e Paul Daimler, filho de Gottlieb Daimler um dos fundadores da Daimler-Benz, assumiram a função de projetistas chefes da Horch. Em 1926 Paul Daimler projetou um motor de 8 cilindros que foi usado em um novo veículo, o Horch 8 que se tornou um sinônimo de luxo, elegância e performance. Ainda e 1931 um novo motor de 12 cilindros foi lançado porém apenas 80 carros desse exclusivo modelo foram vendidos entre 1932 e 1934. Em 1932 a Horch se juntou a Auto Union e em 1933 lançou uma nova linha de carros menores e mais baratos baseados nos motores V8 desenvolvidos por Fritz Fiedler. De 1933 a 1939 também foram montados pela Horch os carros de motor traseiro projetados por Ferdinand Porsche para equipe de competição da Auto Union. Os modelos Horch produzidos até a WWII eram modelos de alto luxo e freqüentemente recebiam carrocerias exclusivas feitas por Gläser, Neuss, Ambuster ou por outros "carrozzieres"(*) de renome. Esses modelos nos dias de hoje são extremamente cobiçados pelos colecionadores e costumam atingir altos valores nos leilões de carros antigos. 

(*)Ver o texto ao final desse artigo.

     A Horch desenvolveu diversos modelos de veículos para uso específico das forças armadas que foram fornecidos a estas em grande quantidade durante a WWII, eventualmente também seus modelos de luxo  foram usados como Staff Cars pelos membros do alto escalão. Os veículos Horch não mais foram produzidos após a WWII, sendo até hoje a marca de propriedade da Auto Union.

     A instalação de Zuickau depois de ser desocupada pela IFA  tornou-se em 1955 a fábrica da Sachsenring e  a partir de 1957, por ironia do destino, passou a produzir um carro que era o oposto de tudo aquilo que os carros Hoch simbolizaram, o "famoso" Trabant.   

Propaganda da Horch dos anos 20

Propaganda dos Horch 3,5 Litros Sport-Cabriolet de 1937

HORCH 670 V12

     Eversão foi produzida entre 1931 e 1934 dos quais só restam três nos dias de hoje.

Horch 670 V12 1931

Esse Horch 670 V12 Sport-Cabriolet de 1932 que hoje está no museu da Auto Union pertenceu a Joachim Von Ribbentrop quando Embaixador na Inglaterra antes da guerra

HORCH 750

     Modelo de 8 cilindros produzido entre 1932 e 1935.

Horch 750 Cabriolet de 1935

Horch 750 Cabriolet de 1935

HORCH 830

     Foi produzido nas versões 830, 830 B, 830 BL e 830 BK de 1933 a 1936

Horch 830 BL Cabriolet Staff Car

Esse Horch 830 Cabriolet era o Staff Car do General Von Choltitz em Paris e posteriormente foi usado por De Gaule

Horch 830 BL Cabriolet 1939

Horch 830 B usado pelas forças de ocupação americanas como Staff Car

Horch 830 BL 1938

Horch 830 ambulância

Horch 830 BL Pullman Limousine 1938

HORCH 851

     Foram produzidos entre 1937 e 1938.

Esse Horch 851 Pullman Gläser Cabriolet de 1936 era o carro do imperador Ethiope Haile Selassie

HORCH 853

     Foram produzidos de 1937 a 1939 nas versões 853 e 853A. 

A direita um Horch 853 Staff Car da Wehrmacht

Horch 853 Staff Car de Heman Göring

Esse outro Horch 853 também tem sido considerado como tendo pertencido a Herman Göring

Horch 853A Sport Cabriolet 1938

Horch 853A Cabriolet 1938

HORCH 930V

     A versão 930V foi produzida de 1937 a 1940.

Horch 930V Cabriolet

Horch 930V Cabriolet 1939

Horch 930V Roadster 1938

Esse é Horch 930S Stromlinie do qual só se conhece esse protótipo de 1939 que hoje está no museu da Auto Union 

HORCH 951

    As versões 951 e 951A foram construídas de 1937 a 1940.

Esse Horch 951A de 1938 era o carro usado por Hans Frank Governador Geral da Polônia ocupada

Hoch 951A Cabriolet 1939

Horch 951A Pullman Limousine 1939, um outro Horch 951A de 1937 semelhante a este foi recentemente restaurado no Brasil e supostamente teria sido um presente de Hitler a Getúlio Vargas

WANDERER

     A Wanderer surgiu em 1896 em Chemnitz quando os mecânicos Winkhofer e Jaenicke resolveram transformar a sua oficina de concertos de bicicletas em fábrica. Em 1902 iniciaram a produção de motocicletas e em 1904 construiram um carro experimental, porém só em 1913 começou a produção seriada de um pequeno carro chamado "Puppchen" que obteve um certo sucesso. A Wanderer só conseguiu um sucessor a altura do "Puppchen" em 1926 com o Wanderer W 10 de 1,5 litros e com o aumento da demanada uma nova fábrica foi estabelecida em Siegmar. Com a crise dos anos 20 a divisão de motocicletas foi vendida para NSU e a despeito de diversas inovações técnicas introduzidas em seus carros a Wanderer não conseguia se recuperar econômicamente, finalmente em 1932 tornou-se a última empresa a compor o grupo Auto Union por recomendação do Banco da Saxônia. Entre as inovações introduzidas pela Wanderer nesse período estava um novo motor projetado por Ferdinand Porsche do qual a Auto Union veio em muito se beneficiar nos anos seguintes.  

     Os Wanderers produzidos no período imediato a sua incorporação a Auto Union eram muito parecidos com os DKWs contemporâneos, porém uma nova carroceria inspirada em modelos norte americanos foi introduzida em 1936 dando um novo visual mais esportivo a marca. Com a recuperação econômica da Alemanha entre 1933 e 1939 a Auto Union teve uma grande expansão e a produção dos Wanderers aumentou em mais de cinco vezes no período. Os carros Wanderer acabaram se tornando conhecidos pela sua qualidade e esportividade e em geral são facilmente reconhecíveis pelo grande "W" alado sobre a tampa do radiador. Ao final da WWII as fábricas em Siegmar e Schonäu haviam sido destruidas e os Wanderers não mais voltaram a ser fabricados.

Propaganda do Wanderer W 24 de 1937

WANDERER W 22

     Modelo produzido entre 1933 e 1935

Wanderer W 22 de 1933

Esse Wanderer W 22 Roadster com pintura camuflada e sendo conduzido pelo que aparenta serem dois oficiais da Wehrmacht na verdade estava apenas participando do Rallye de Harz em 1934

Wanderer W 22 Pullman Limousine Staff Car

Wanderer W 22 Cabriolet 1935

WANDERER W 240

     Essa foi uma das versões transitórias que só foi produzida em 1935 antes da reestilização da carroceria dos Wanderers.

Wanderer 240 1935

WANDERER W 250

     Essa é outra versão transitória só produzida em 1935.

Wanderer W 250 1935

WANDERER W 40

     Versão produzida entre 1936 e 1937.

Wanderer W 40 Cabriolet da Wehrmacht

Wanderer W 40 Cabriolet da Luftwaffe

Wanderer W 40 Cabriolet

Wanderer W 40 Limousine

WANDERER W 45

     Essa versão foi produzida somente em 1936.

Wanderer W 45 de 1936 da Deutsches Reichsbahn

WANDERER W 50

     Versão produzida de 1936 a 1938.

Wanderer W 50 Pullman Limousine 1937

WANDERER W 25K

     Versão Roadster lançada em 1936 já com a nova carroceria na qual se percebe a forte influência do desenho dos speedsters da Auburn norte americana contemporâneos, ficou em produção até 1938.

Wanderer W 25 K Roadster 1936

Wanderer W 25 K Roadster 1936

WANDERER W 26

     Versão de 2,7 litros produzida entre 1937 e 1939.

Wanderer W 26L de 1939

WANDERER W 52

     Foram produzidos em 1937 e 1938.

Wanderer W 52 1937

Wanderer W 52 1937

Wanderer W 52 Cabriolet 1937

WANDERER W 23

     Versão de 2,7 litros produzida de 1937 até 1942.

Wanderer W 23 Cabriolet Staff Car da Luftwaffe

Wanderer W 23 Cabriolet 1939

WANDERER W 24

     Essa versão de 1,8 litros foi produzida de 1937 a 1940, externamente é quase impossível de distingüi-la da versão W 23.

Wanderer W 24 Cabriolet 4 portas Staff Car da Luftwaffe

Wanderer W 24 Cabriolet Staff Car da Luftwaffe

Wanderer W 24 Staff Car da Luftwaffe

Wanderer W 24 2 portas de 1938

Wanderer W 24 2 portas de 1938

Wanderer W 24 4 portas

(*) "CARROZZIERES"

   Ao observarmos a designação dos modelos de carros antigos, em especial os modelos de luxo, é muito comum encontrarmos nomes próprios associados a esses. Ou seja carros marcas de luxo como Cadillac, Rolls-Royce, Mercedes-Benz, Horch, Delahaye, Delage, Hispano-Suiza entre outras eventualmente podem ter o nome de seus modelos acrescidos da expressão "by" algum nome próprio como Fisher, Park Ward, James Young, Gläser, Hebmueller, Figoni et Falaschi, Chapron, Vanden Plas, Sodomka, Saoutchik, etc. Este nome próprio designa o chamado "coachbilder" ou como também é chamado em italiano "carrozziere", ou seja a empresa responsável pela confecção daquela carroceria específica.

    A origem dos "carrozzieres" ou encarroçadores remonta a época das carruagens. Antes do advento do automóvel os mais abastados costumavam contratar os serviços de artesões especializados para confecçionar as suas carruagens de luxo de forma personalizada, daí vem o significado da espressão "coachbuilders" ou construtores de coches.  Na medida em que os carros se tornaram um meio eficiente e seguro o suficiente para substituir as carruagens, os mais ricos continuaram a não se conformar em simplesmente adquirir um produto padronizado pelo processo industrial daí a busca pela exclusividade recomeçou.  

    A resposta veio através dos próprios construtores de coches que agora temendo pela perda do mercado de carruagens procuraram descobrir meios de adaptar a sua arte a nova tecnologia nascente. No início isso foi relativamente fácil pois os primeiros automóveis a circular eram construídos praticamente da mesma forma que as charretes e carruagens haja visto que seus cavalos foram apenas substituídos por uma máquina. Os "carrozzieres" passaram então a adquirir o conjunto mecânico básico dos automóveis de luxo, adaptaram neles carrocerias confecçionadas com o mesmo requinte com que eram feitas as carruagens e passaram a oferecê-los a seus antigos clientes de maior poder aquisitivo como uma opção exclusiva.

    Essa combinação de produto industrial com criatividade artesanal produziu ao longo dos anos alguns dos mais belos automóveis construídos até hoje, sendo que artesões como o russo Jacques Sautchik e os italianos Figoni e Falaschi produziram verdadeiros sonhos sobre rodas. Alguns "carrozzieres" se especializaram em determinadas marcas e acabaram por ser absorvidos pelas empresas que as construiam como foi o caso da Park Ward que se tornou uma das divisões da Rolls-Royce. Outras se transformaram em grandes estúdios independentes de design automotivo como foi o caso da Pininfarina que até hoje projeta carrocerias para grandes empresas do ramo como a Fiat. Porém o "carrozziere" tradicional que desenvolvia carrocerias exclusivas para veículos de luxo deixou praticamente de existir a partir da década de 50 quando a indústria automobilística passou a produzir suas carrocerias como monobloco o que tornou inviável as adaptações dos "carrozzieres".

Delahaye 135 Competition Court Coupe by Figoni & Falaschi 1936

     Na Alemanha de antes da guerra haviam vários "carrozzieres" de renome como Hebmueller, Neuss, Ambuster, etc. porém talvez o mais famoso de todos seja a Gläser Karosserie de Dresden que foi responsável por produzir carrocerias especiais para a maioria dos carros das marcas alemães, além de outras tantas de outros países da europa como também norte americanas.

Plaqueta de identificação das carrocerias feitas pela Gläser