Zimmerit

Opção anti-magnética alemã

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autor:  

panzerserra@gmail.com 

Histórico:

          Desde o advento dos carros blindados no Campo de Batalha, os soldados se defrontaram com a dificil tarefa de destruir estes monstros. A opção mais lógica é o canhão anti-tanque, mas nem sempre e oportunamente, esta peça de artilharia está disponível. O ideal seria uma arma que o soldado comum pudesse carregar e manejar. Leve, barata e de fácil transporte, a mina se evidenciou como a alternativa mais comum. A mina terrestre tem a desvantagem de ter de ser enterrada e o soldado tem que contar com a sorte para que o blindado inimigo faça o favor de passar por sobre ela. E este problema se tornou mais evidente com a Operação Barbarossa, a Invasão da Rússia, quando as alemães se defrontaram com o T-34 russo.

          Este excelente tanque apresentava uma blindagem excelente e angulada, onde nem os canhões anti-tanques leves Pak 35/36, de 37 mm, eram páreo para este excelente blindado.

          Tentativas de se aumentar o punch destes pequenos canhões foram feitas, como a adoção de projéteis de carga-oca (Stiehlgranate), mas os alemães precisavam de algo mais simples e barato.

           E a reposta foi o desenvolvimento da mina anti-tanque magnética, que surgiu em 1942. O principio desta mina era a de uma carga de 3 e de 3,5 kilos de explosivos, na forma de um funil invertido e com 3 pares de garras magnéticas em sua base. O soldado aplicava esta mina na lateral do tanque ou na torreta e disparava um fuso de tempo. A carga explodia e a forma de funil invertido concentrava o fluxo de energia contra a chapa, no mesmo princípio da carga-oca dos Panzerfaust. As Haftholladung 3H eram extremamente efetivas, podendo abrir um buraco de 30 a 50mm de diâmetro em chapas blindadas de até 140mm de espessura. Seu uso era efetivo, porém, extremamente arriscado. Clique, no ícone abaixo, para assistir a um filme de época com o uso das minas magnéticas em combate. Assista até o final...

          Quando oa Germânicos desenvolveram as minas magnéticas, pensaram, é óbvio, que seus inimigos também desenvolveriam armas semelhantes...e portanto, precisavam criar algo para evitar estas armas. O OKH (Oberkommando des Heeres - Alto Comando do Exército) designou a Zimmer AG que desenvolvesse algo neste sentido. O resultado foi uma pasta, uma espécie de polímero que era aplicada nas superfícies verticais de carros de combate, que dificultavam a aderência de minas e cargas explosivas magnéticas ou mesmo as chamadas "sticky bombs" ou bombas adesivas inglesas, usadas com "relativo" sucesso na campanha do deserto.

          Esta pasta era aplicada nas fábricas de blindados e, realmente, não eram anti-magnéticas, mas dificultavam a aderência de um magneto. Mas esta designação é que se popularizou. A companhia  berlinense Zimmer que desenvolveu o polímero o batizou de Zimmerit.

          O Zimmerit era um polímero multi-composto. Seus ingredientes eram:

• 40 % Sulfato de Bário - BaSO₄
• 25 % PVA (Polivinil-acetato : cola branca de madeira)
• 15 % Pigmento ocre terroso
• 10 % Sulfato de Zinco – ZnS
• 10 % Serragem

          Esta substância era diluida em um solvente volátil, semelhante à acetona (Um putty 1/1 ?) e aplicada com espátula, em duas camadas. A primeira camada, de mais ou menos 5mm de espessura, levava cerca de 24 h para secar à temperatura ambiente e era aplicada sobre o primmer anti-corrosivo alemão padrão (vermelho-óxido), nas superfícies verticais do carro de combate.

          Durante a sua aplicação, desenhos eram feitos com a espátula, no sentido de aumentar a retenção para a segunda camada, que era texturizada com uma ferramenta especial, na forma de um pente gigante.

          Era esta ferramenta que dava as diversas formas do Zimmerit. Esta segunda camada era seca com um jato de gás inflamado, pois se deixado secar a temperatura normal, tal processo levaria uma semana. Outra vantagem para a secagem à quente do Zimmerit é que a pasta adquiria aderência ao metal e uma ótima resistência ao atrito e aos impactos, gerando uma superfície rugosa que, inclusive, disfarçava os contornos angulosos do veículo, contribuindo para a sua mimetização no ambiente. O Zimmerit recebia, então, a camada de pintura amarelo-escuro padrão-alemã e o veículo era enviado para as unidades, onde era camuflado ou não.

          Embora resistente e impermeável a água, o Zimmerit não suportava variações térmicas muito intensas, sendo que no inverno ele se tornava mais quebradiço. Com grandes impactos, a pasta tendia a lascar em grandes pedaços.

           O Zimmerit presentava um ganho de peso nos carros, que variava de acordo com a área ser coberta: um Stug III recebia 70kg, um Panzer IV,100kg e um Tigre I, quase 200kg de pasta.

           Seu uso foi ordenado pelo OKH a partir de 29 de dezembro de 1943, sendo que os carros que o receberam eram, geralmente, os veículos de vanguarda de combate, sendo que os demais veículos, mesmo a artilharia AP (mais à retaguarda), raramente recebiam esta proteção. Podemos citar:

           São vários os padrões de Zimmerit que observamos em fotos, sendo as mais comuns:

• Cristas horizontais em colunas verticais. Esta padronagem foi observada nos seguintes veículos:
• • Panzer III Ausf M e N
  • Stug III 
  • Panzer IV Ausf. H, J
  • Panzerz Bef.Wg. IV
  • Stug IV
  • Panzerjäger IV
  • Panzer IV/70 (V)
  • Sturmpanzer
  • Wirbelwind
  • Ostwind
  • Panther
  • Jagdpanther
  • Bergepanther
  • Tiger I Ausf. E
  • Brummbar
  • Elefant
  • Tiger II Ausf. B
  • Jagdtiger (Porsche)

• Cristas horizontais em colunas verticais, separadas por faixas horizontais. Esta padronagem foi observada nos seguintes veículos:
  • Stugs III e IV
  • Panther Ausf G
  • Ostwind

  

  

•  Cristas verticais ou diagonais contínuas. Esta padronagem foi observada nos seguintes veículos: 
  • Panther
  • Sdkfz 251 Ausf D (única foto conhecida)

•  Cristas verticais em colunas horizontais. Esta padronagem foi observada nos seguintes veículos:
  • Stug III Ausf G 
  • Panther Ausf G
  • Panzer IV Ausf. H
  • Panzerjäger IV

  

•  Cristas verticais em colunas horizontais, com espaços verticais. Esta padronagem foi observada nos seguintes veículos:
  • Stugs III e IV 
  • Panther Ausfs A e G

  

           

•  Cristas verticais diagonais em colunas horizontais, com faixas diagonais. Esta padronagem foi observada nos seguintes veículos:
  • Panther Ausf G

  

  

•  Quadrados pequenos. Esta padronagem foi observada nos seguintes veículos:

  • Panther Ausf A e G
  • Stugs III e IV
  • Jagdpanther

          Em 09 de setembro de 1944, o OKH emitiu a diretriz que a aplicação de Zimmerit fosse encerrada imediatamente. Esta ordem se originou dos boatos que a pasta Zimmerit entrava em ignição ao ser atingida por projéteis incendiários, o que poderia levar à perda do veículo. investigações e pesquisas foram feitas, sendo comprovado que o Zimmerit não era inflamável sob tais circunstâncias, mas por este tempo, com a não concretização do uso das minas magnéticas pelos inimigos e com o caos reinante na indústria bélica alemã, o zimmerit não mais foi instalado nos veículos finais, sendo que os ingleses chegaram a testar o produto para seu uso, na Guerra que se prolongava no Extremo Oriente. Mas , com a Bomba Atomica, a  WWII terminou sem que os aliados usassem este produto. E o Zimmerit nunca mais foi utilizado por outra nação , em qualquer conflito. A única exceção seria a pasta anti-derrapante que reveste os Merkavas israelenses, mas ela não se compara ao Zimmeritt.

Conclusão

          O Zimmerit, realmente, foi mais uma prova do desperdício da capacidade e de tecnologia de esforço de guerra alemãs. Pensado e produzido especificamente para um uso, parece o caso de um remédio aplicado na ausência de uma doença. Os aliados usavam como armas anti-tanques portáteis as Bazookas americanas, os PIATS e os fuzis AT Boys ingleses e o PTRD russo, armas contra as quais o Zimmerit não oferecia proteção nenhuma. Os alemães levaram quase 09 meses para compreender isto.