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As séries clássicas da Revell
Autor: Ricardo P-40

AS SÉRIES CLÁSSICAS DA REVELL

Ao iniciar a década de 60 a Revell se viu diante da tarefa de ter que consolidar o mercado conquistado nos anos anteriores. Logo após a descontinuidade dos “S” kits, em 1960 a Revell adotou a estratégia de re-embalar alguns de seus “S” e Pré “S” kits em sacos plásticos, com a denominação de “Air Cadet Series” . Se por um lado estes não tinham o atrativo das “box-arts’ que os tornaram famosos nos anos anteriores, por outro lado traziam como principal argumento o preço irrisório com que eram oferecidos, 49 cents de Dólar. Uma outra característica dessa época foi a retirada gradativa das bases em forma de globo do mercado.

Alguns kits da "AIR CADET SERIES"

Rótulo da AIR CADET SERIES da Revell com o preço de .49 cents pré-impresso

Ainda em 1960 a Revell colocou no mercado uma novidade que tinha como objetivo o público infanto-juvenil, os chamados “Whip-Fly It !” kits. Esses nada mais eram que alguns dos kits produzidos anteriormente, agora oferecidos em novas embalagens nas quais o kit vinha com uma de suas asas furada, um cordão e um peso para o nariz, de forma que esse pudesse voar quando girado no ar pelo cordão preso a asa.

Propaganda de 1960 anunciando os Whip-Fly It ! kits da Revell

Para nós atualmente parece totalmente absurda a idéia de alguém montar um kit para depois girá-lo no ar na ponta de um barbante. Porém na época o que a Revell tinha em mente com essa idéia era atrair os mais jovens que não se satisfaziam apenas em admirar um modelo estático e preferiam algo que pudesse ser transformado em um brinquedo dinâmico. A idéia dessa dupla finalidade era reforçada na própria embalagem com a expressão: ...Display it! ...Whip-fly it!

Alguns dos Whip-Fly It ! kits da Revell

Cabe lembrar ainda que em virtude do baixo preço do petróleo e seus derivados, um kit custava nessa época proporcionalmente bem menos do que custa nos dias atuais. Outro detalhe a ser observado é que os aeromodelos dessa época ainda eram controlados por cabos fixados a extremidade de uma das asas e associação da idéia dos “Whip-fly it” com estes foi um fator também considerado pela Revell ao colocá-los no mercado.

No entanto a despeito dessas duas tentativas de diversificar o público alvo, a Revell sabia que as suas bem elaboradas “box-arts” ainda eram um dos fatores que mantinham as vendas e que ainda havia muito espaço no mercado a ser conquistado por elas. Um outro fator também começou a chamar a atenção dos estrategistas de marketing da Revell. O seu produto gradativamente passava a ser visto não apenas como um mero passa-tempo de armar, mas também como um objeto de colecionismo, o que incluía as tampas das respectivas caixas. Visando explorar esse lado “colecionista” do mercado, a Revell a partir de 1960 lançou algumas séries de caixas onde ela reuniu alguns de seus kits de acordo com determinados temas.

Em 1960 surgiu a ”Picture Plane Series”, que estimulava ao colecionador a emoldurar a tampa da caixa.

Caixas da série “ Picture Plane ” da Revell

E a sua contrapartida naval chamada “Picture Fleet Series.

Propaganda do início dos anos 60 da “ Picture Fleet Series ” da Revell

Algumas caixas da série “ Picture Fleet ” da Revell

Na chamada “Famous Artists Series”, era dado destaque na própria tampa ao nome das “Box-Arts” e dos seus respectivos autores, os quais eram ilustradores de renome da época tais como: Bart Doe, George Akimoto, Ken Smith, Etc.

Algumas caixas da série “ Famous Artists ” da Revell

Que foi seguida pela “Famous Aircraft Series”, com as mesmas ilustrações da série anterior, porém dando mais destaque ao avião do que ao nome da obra e do autor. Observando-se que em ambas as séries vinham nas caixas cromos e cards como brinde.

Caixas da série “ Famous Aircraft ” da Revell

A série de nome “Air Power”, mantinha algumas das ilustrações das demais e em outras caixas usava ilustrações das caixas “S” e Pré “S”.

Algumas caixas da série “ Air Power ” da Revell

Que também teve sua contrapartida naval na série “Sea Power”.

Alguns navios da série “ Sea Power ” da Revell

Em 1962 foi lançada a série “Academy” com novas box-arts.

Alguns aviões da série “ Academy ” da Revell

Em 1964 surgiu a “The Jet Command Series”.

Propaganda de 1964 da série “ Jet Command ” da Revell

Algumas caixas da série “ Jet Command ” da Revell

Também em 1964 foi lançada a série que teve a maior importância na história da Revell, embora seja talvez a menos conhecida pelo seu nome original “Warbirds” . Até então as séries da Revell eram constituídas por re-embalagens de kits antigos, essa porém, foi a primeira feita a partir do lançamento de novidades.

Conforme foi demonstrado anteriormente cada vez mais os kits se tornavam objeto de coleção, e o hábito de coleciona-los trouxe também o desejo de compará-los entre si. No entanto para se ter uma noção mais aproximada das diferentes características entre os objetos reais através da comparação de suas representações em escala é necessário que essas representações estejam na mesma escala de tamanho.

Os principais concorrentes da Revell na América, Aurora e Monogram, já haviam detectado essa necessidade do mercado e pouco a pouco passaram a padronizar seus modelos de aviões na escala ¼” (um quarto de polegada), posteriormente mais conhecida como 1/48. Porém ao se dar conta disso a Revell tomou uma das decisões mais importantes de sua história ao deixar de seguir o modelo norte americano e adotar a prática de suas concorrentes inglesas, Airfix e Frog, de padronizar a maioria de seus aviões na escala 1/72. Essa decisão não foi tomada ao acaso, pois a Revell o fez pensando não apenas no mercado norte americano onde o maior poder aquisitivo de então e o maior tamanho médio das residências permitia a adoção de uma escala maior. O objetivo da Revell, nesse caso, foi principalmente o mercado internacional, especialmente o europeu onde ainda existiam dificuldades econômicas decorrentes do pós-guerra e o tamanho das residências é menor que as dos Estados Unidos.

É importante lembrar que durante a primeira metade da década de 60 a Revell realizou uma série de parcerias com empresas de diversos países visando a produção e distribuição local de seus produtos. Foi justamente a esses parceiros na Europa e na América Latina que a série Warbirds veio a beneficiar, pois o pequeno tamanho, a facilidade de montagem e o baixo preço de aquisição tornava os kits dessa série ideais para a obtenção de novos adeptos ao hobby nesses países e a conseqüente conquista de novos mercados. Muitos das gerações de modelistas dos anos 60, 70 e 80 iniciaram no hobby com esses kits e continuaram montando-os por duas, três ou mais décadas. Isso fez com que a marca se tornasse mundialmente conhecida de forma que para muitos leigos até hoje o nome Revell é o único pelo qual eles sabem descrever um kit. E essa internacionalização da marca é uma das principais razões da Revell permanecer com uma posição firme no mercado até os dias atuais mesmo entre tantos concorrentes de peso.

Uma outra coisa interessante a se observar sobre essa série é que durante os anos anteriores a Revell praticamente ignorou a aviação da WWII, talvez em parte devido ao desejo da sociedade dos anos 50 de esquecer os horrores da década anterior e também por outro lado o entusiasmo com os avanços tecnológicos ter se sobreposto a lembrança do passado recente. No entanto durante os anos 60 o assunto voltou a despertar o interesse geral através da publicação de novos livros e do lançamento de diversos filmes sobre o tema, e mais uma vez a Revell soube como aproveitar a tendência do momento ao criar essa série com modelos das duas guerras mundiais.

De fato o nome “WARBIRD” só apareceu nas caixas de uma parte dos aviões da série, o que fez com que ele acabasse caindo no esquecimento não obstante as caixas da série terem se tornado inesquecíveis para a maioria.

Propaganda da década de 60 anunciando a série “ Warbirds ” da Revell

Algumas das caixas que chegaram a ter o nome da série “ Warbird ” impresso

Outras caixas que embora não tenham recebido o nome “ Warbird ” também pertencem a série

Fokker D.VII da Kikoler com o timbre da série“ Warbird ”

Nieuport 17c da Lodela Méxicana com o timbre da série “ Warbird ( Pajaro Guerrero )”

Alguns kits da Revell inglesa receberam box-arts diferentes como esse P-39Q com marcações soviéticas.

As caixas inglesas geralmente são diferenciáveis das americanas pela posição e o tamanho da indicação da escala.

Outra série importante de 1964 foi a “The Commander Series” que reuniu alguns dos mais significativos kits de navios da Revell.

Algumas das caixas da “The Commander Series ” da Revell

No ano de 1965 foi a vez de chegar ao mercado a série “Pacific Raiders Collection” com os bombardeiros que participaram da guerra no pacífico.

Caixas dos kits da série “ Pacific Raiders Collection ”

Uma outra série interessante dos anos 60 foi a “ Passport to Pleasure” que reuniu vários kits de navios de linha da Revell.

Alguns navios da série “ Passport to Pleasure ”

Em 1967 a Revell decidiu reunir alguns de seus kits da série “Warbids” em caixas temáticas contendo 3 modelos cada e que ficaram conhecidas como “Three in Ones”.

Caixas da série “ Three in Ones ”

Também em 1967 sairam as séries “Jet Commando” e “Air Commando” .

Aviões da série “ Jet Commando ”

Aviões da série “ Air Commando ”

No ano de 1969 foi a vez da “Strategic Air Power Series”.

Alguns aviões da “ Strategic Air Power Series ”

Ainda em 1969 surgiu a “ The Jet Horizon Series ” dedicada a aviação comercial.

Alguns kits da “ The Jet Horizon Series ”

Nos anos 70 surgiu a “Fighting Deuces Series” que reunia em uma única caixa dois kits da série “Warbirds” na forma de um duelo entre oponentes.

Algumas caixas da “ Fighting Deuces Series “

Uma outra série bastante interessante que surgiu nos anos 70 foi a “Show-Off Models” que trouxe alguns airliners e submarinos com cortes laterais deixando os com o interior visível.

Algumas caixas da série “ Show-Off Models “

E finalmente nos anos 70 tivemos a série “Collector’s Choice” na qual a Revell mais uma vez seguindo as novas tendências do mercado passou a oferecer os kits da série “Warbirds” em embalagens com 3 opções de pintura.

Alguns aviões da série “ Collector’s Choice “

Entre os anos 80 e 90 a Revell lançou as séries “The History Makers I & II”, cujas caixas vinham com a foto dos kits montados sobre um fundo escuro, e que teve o mérito de reeditar diversos kits que já estavam a bastante tempo fora do mercado, muitos deles originalmente concebidos pela extinta Renwall.

Algumas das caixas das séries “ The History Makers I & II “

Infelizmente para nós brasileiros muitas dessas séries chegaram aqui bastante desfalcadas ou mesmo nunca chegaram o que nos deixou a sensação de descontinuidade não nos permitindo ver as suas reais dimensões e importância na época em que foram lançadas.

O espaço de um artigo é pouco para falar de todas as séries que a Revell lançou ao longo dos anos, e muitas de maior ou menor importância acabaram ficando de fora deste aqui, entre as quais: “Aircraft Carrier Series”, “Anniversary Destroyer Collection”, “Destroyer Series”, “The Flanker Series”, “Nuclear Fleet Series”, “USAF Pilot Wings Series”, “Famous Air Battle Scenes”, “Air Show Scenes”, “25 Anniversary Series”, “Smithsonian Museum Collection”, “Premium Import”, “Chuck Yeager Super Fighters”, “Micro Fighters”, “The Hunt for Red October”, “Flight of the Intruder”, “Selected Subjects Program”. Etc…

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