ATENÇÃO :

- Se você é menor de idade, sob hipótese nenhuma tente usar estas técnicas sem a ajuda e a orientação de um adulto, pois será necessário lidar com materiais perigosos e/ou tóxicos, de maneira que representam alto risco de intoxicação e de queimaduras graves. Portanto, crianças e adolescentes deverão estar acompanhadas de um adulto para usar as técnicas deste artigo !

- A reprodução de peças sugerida neste artigo é apenas para o uso individual do leitor, com a finalidade de aprimorar o seu próprio kit. A reprodução de peças com o intuito de venda ou doação para terceiros importa em violação do direito de propriedade industrial dos fabricantes de plastimodelos, sendo passível de sanções civis e criminais.

Introdução

Os trens de pouso dos kits de aviação geralmente são peças frágeis e sujeitas a tensão por causa do peso, de modo que muitas vezes é necessário substituí-las por acessórios em metal, para evitar que quebrem, principalmente quando se lida com escalas maiores (1/32).

São poucos os fabricantes desses acessórios. No Brasil não conhecemos nenhum. Quando são encontradas no exterior, as peças de metal branco costumam não ser nada baratas. Em alguns casos, podem custar até US$ 30,00 com o frete, isto é, o preço de alguns kits mais simples na escala 1/32.

Daí a ideia de copiá-las a partir das peças de estireno que vêm com o kit, por meio de uma técnica caseira e valendo-se de materiais baratos.

A técnica descrita neste artigo é uma adaptação daquelas utilizadas por Augusto Versiani e Kesser, colegas daqui da Webkits, para duplicar peças em resina. Porém, ao invés de borracha de silicone e resina, serão usados gesso e solda de estanho.

Materiais básicos

- Massa de modelar (R$ 1,50)

- Gesso (R$ 1,50 o pacote com 1kg)

- Solda de estanho (R$ 4,00 o linguote com 30cm)

- Spray de silicone (R$ 15,00) ou equivalente mais barato (glicerina líquida etc.)

- Pedaço de vidro (R$ 10,00)

- Forma de empada (R$ 0,50)

- Palito de picolé

O molde

Espalhe a massa de modelar sobre uma superfície lisa e que não seja aderente. Usamos um vidro de prateleiras de banheiros, comprado em loja de materiais de construção. Uma mesa de fórmica lisa também serve, assim como qualquer superfície equivalente (= lisa + não-aderente).

Depois de espalhar a massa de modelar, corte as bordas com o palito de picolé para fazer um retângulo, antes de acrescentar as “paredes” ao molde.

Em seguida, a base feita com a massa de modelar deverá ser envolvida com as “paredes” . Usamos blocos de brinquedos de montar, mas o mesmo efeito prático poderá ser obtido com cartões de plasticard, cartolina grossa ou papelão presos com fita adesiva etc.. A “parede” do molde deve dispor de uns 2,5 ou 3 cm de altura. Não a faça muito mais alta do que isso, pois caso contrário será mais difícil na etapa posterior, ou seja, preencher a segunda face do molde.

Colocadas as “paredes”, acomode as peças, incrustando-as na massa de modelar, de forma que apenas a metade fique de fora. Em uma das extremidades deverão ser arranjados os canais para a passagem do metal derretido quando da fundição da peça. Usamos pedaços de sprue cortado, mas qualquer outro material duro poderá ser empregado (pequenos pedaços de madeira ou ferro etc.).

Com o cabo do estilete ou de um pincel grande, faça furos na massa de modelar, com a finalidade de criar “pinos” que ajudarão na junção das duas metades do molde, depois de pronto.

Prepare, então, o gesso, que poderá ser comprado em lojas de materiais de construção ou papelarias. Empregamos o gesso de secagem rápida, solúvel em água, misturado em um copo descartável com o palito de picolé.

Um ponto importante é a consistência da massa feita com o gesso: ela não deverá ser nem aquosa demais, nem consistente demais, pois isso influenciará diretamente na qualidade do molde. Adiante mostraremos o resultado de uma massa muito consistente, que acarretou um defeito ao molde.

Antes de aplicar o gesso sobre a peça, borrife o silicone em spray sobre toda a superfície, inclusive da massa de modelar (ou glicerina etc., com um pincel macio).

Muito cuidado com o silicone em spray, pois é altamente inflamável, além de tóxico caso inalado, sendo imprescindível o uso de máscara e de luvas quando do manuseio.

Espalhe, então, a massa de gesso sobre a peça. É conveniente usar o palito de picolé para aplicá-la primeiro sobre os detalhes, por gotejamento, com a finalidade de evitar bolhas ou a má acomodação sobre estes. Depois, despeje sobre o restante da superfície, até encobri-la por completo.

O endurecimento completo é relativamente rápido, em média uma hora. Porém, antes de abrir o molde é conveniente aguardar por, no mínimo, umas seis horas, para que a água evapore totalmente. O ideal é de um dia para o outro, em ambiente seco (24 horas). Assim, o molde será mais resistente, principalmente nas bordas ao redor da peça.

Depois da secagem, remova as “paredes” e a massa de modelar. Podem ser necessárias algumas correções no molde de gesso e ao redor dos detalhes, utilizando-se da ponta de um estilete e de um pincel para tirar os resíduos em excesso.

Na sequência, remonte as “paredes” em volta da metade já pronta, borrife novamente o silicone em spray com “generosidade”, pois as duas metades tendem a fundir-se em uma peça só, e distribua a massa de gesso para formar a segunda face do molde, com observância dos detalhes acima (gotejamento nos detalhes etc.).

Neste ponto, cabe uma observação : embora não seja considerado “errado” , fazer os canais para a passagem do metal derretido muitos longos pode gerar dificuldades na hora da fundição. Assim, é conveniente fazê-los mais curtos, como é possível ver na segunda foto adiante.

Depois da secagem da segunda parte do molde, é preciso separá-lo. Tome cuidado para não quebrar o molde, pois o gesso tende a fundir-se em um bloco só. Use a ponta de um estilete e force a separação com cuidado.

No lado direito da foto é possível ver o resultado do uso da massa de gesso muito consistente, ou seja, o detalhe do amortecedor não ficou bem impresso.

Depois de separadas as duas partes, alargue a entrada do canal com o estilete, para facilitar o derramamento do metal fundido.

A fundição

Antes de mais nada, é necessário advertir que esta etapa é bastante perigosa, porque a solda derretida pode causar queimaduras muito graves, além do respectivo vapor ser tóxico, caso inalado. Portanto, todo o cuidado é pouco !

Moldamos o “cadinho” a partir de uma forma para empadinhas, com um alicate de bico. Para evitar acidentes ( e queimaduras !), um cabo de madeira foi aparafusado na lateral.

A solda foi cortada em pequenos pedaços de um (01) cm com um alicate de corte. Três pedaços são suficientes para moldar uma peça. Para derreter a solda usamos um fogão doméstico.

O molde deve ser fixado com fita adesiva, pois a solda derretida durante o processo de endurecimento – que é rapidíssimo – tende a dilatar, separando as duas partes. Evita-se, além disso, acidentes com queimaduras.

Sob hipótese nenhuma segure o molde com uma das mãos, enquanto despeja a solda derretida. Pouse-o em uma superfície estável próxima ao fogão – por exemplo, a pia da cozinha, que dispõe de altura compatível – e despeje o conteúdo nos furos dos canais, como na segunda foto acima.

Depois de despejar a solda derretida, aguarde por cinco (05) minutos até que ela se encontre completamente fria.

Retire as peças moldadas com um alicate de bico , tomando o cuidado para não estragar o molde, pois quase sempre é necessário repetir a operação várias vezes, até obter cópias de boa qualidade.

Note-se na peça da esquerda o defeito de impressão do molde, por uso da massa de gesso sem a diluição adequada.

Na peça da esquerda, porém, todos os detalhes foram reproduzidos. As peças, depois de desmoldadas, ainda deverão ser trabalhadas e lixadas, é claro, para retirar as rebarbas etc..

Staffa

staffabr@yahoo.com.br

Junho de 2009