Savoia S.79T "Sorci Verdi"
Na década de 30, o fanfarrão e falastrão Benito queria a todo custo mostrar aos olhos do mundo que a Itália era uma potência.
Baseado neste princípio, a Marinha italiana navegava por todo o mar Mediterrâneo, que o Mussolini dizia ser o "Mare Nostrum", mostrando a bandeira da Itália.
Resolveu ampliar este sonho usando a aviação. Encomendou à Savoia Marchetti uma versão especial do S.79 Sparviero, um excelente trimotor de bombardeio, utilizado com sucesso na guerra civil espanhola e considerado um dos melhores aviões da época.
Esta nova versão tinha uma fuselagem modificada com melhor desempenho, todo o armamento foi retirado, foram designados de S.79CS (Corsa ou Corrida) e pintados de vermelho, a cor usada para aviões e carros de competição pelos italianos (Vide as Ferrari F1 de hoje).
Foram matriculados I-BIMU, TOMO, CUPA, FILU e LICA.
As 4 últimas letras da matrícula eram as duas letras iniciais do sobrenome dos pilotos. Por exemplo, BIMU eram as iniciais de BIse e MUssolini, este Bruno Mussolini, filho do ditador fascista.
A intenção da esquadrilha, batizada de "Sorci Verdi"(Ratos Verdes), era participar de uma missão de Roma até Nova York para comemorar os 10 anos da travessia do Atlantico Norte por Charle Lindbergh, em maio de 1927. Mas, este projeto foi cancelado.
Então, a esquadrilha foi designada para participar de uma corrida aérea de Istres (França) até Damasco (Siria). O desempenho dos Sorci Verdi foi um sucesso estrondoso e festejado pelo partido facista e por Benito Mussolini. Logos após esta corrida, foi planejado um raide mais ambicioso: a travessia do Atlântico Sul, de Roma até o Rio de Janeiro.
Os S.79CS foram redesignados de S.79T (Transatlantico) e receberam as matrículas I-BISE (ex-BIMU), MONI (ex-CUPA) e BRUN (ex-FILU). O piloto deste último era tambem o Bruno Mussolini.
Em 24 de janeiro de 1938, os 3 S.79T decolaram de Roma rumo ao Brasil onde pousaram no dia 25. Tinham voado mais de 10.000 Km, numa velocidade média de 400 Km/h, com escala em Dakar. Em seguida ao chegar ao Brasil, foram presenteados à nossa Aviação Militar. Este "presente" tinha a intenção oculta de fazer o Brasil se interessar em adquirir aviões italianos, o que não teve sucesso. A utilização dos S.79T, como avião militar, pela AvMil, foi quase nula pois não possuiam armamento e, devido ao espaço interno muito reduzido, não podiam transportar carga ou passageiros. Não existem informações de seu uso operacional apenas que foram usados para treinamento de multimotor e navegação.
Em 41, passaram para o inventário da FAB mas continuaram sem utilização definida, devido às restrições já citadas. Sua utilização pela FAB é desconhecida. Em 1943/44 foram descarregados devido à falta de sobressalentes e apoio. A pintura deles na AvMil foi a mesma com que vieram para o Brasil, mantendo as matrículas e marcações dos Ratos Verde.
O Maj Ref José Maria Monteiro, fundador do Musal e ex-membro da Aviação Militar, me disse em 1980, que havia visto antes da guerra um deles, provavelmente o K420, no Campo dos Afonsos, pintado de verde escuro. Porem, não há comprovação fotográfica ou documental deste esquema de pintura.
Vejam abaixo algumas fotos do Savoia em uso na AvMil, sempre com o esquema de pintura original da Regia Aeronautica.
Uma foto que talvez seja a única mostrando um S.79 com uma pintura diferente. Notem as matrículas italianas cobertas com tinta, provavelmente verde escuro e, tambem o leme verde amarelo. Esta foto foi batida na época da criação da Força Aérea Brasileira em janeiro de 1941.
Um modelo que fiz, baseado em suposições, do S.79 nas cores da Aviação Militar. É uma conversão do Kit da Airfix na escala 1/72. Como não tinha informações do verde, presumi que deveria ter sido utilizada uma tinta que a AvMil devia ter em estoque naquela época: o "Vert Foncé" FS 34096, usada para pintar ou retocar os aviões franceses da década de 30(Moranes, Caudron, Nieupot-Delage, Potez).
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